[publicado in Barlavento]
Manuel Alegre não admite a realização de eleições legislativas antecipadas, lembrando a existência de um Governo legitimado, mas considera que «quem decide isso são as circunstâncias e é o Presidente, em função do que for a situação»
barlavento- Admite a queda do Governo socialista e a realização de eleições legislativas antecipadas, em 2011?
M.A. – Não. As eleições que vão decidir o futuro são as presidenciais no dia 23 de Janeiro. Essas é que vão definir não só quem será o Presidente da República, mas o modelo político, o modelo de sociedade, a forma e o conteúdo da Democracia.
b- Mas há quem veja há muito o cenário de eleições legislativas antecipadas…
M.A. – Não, não… Oh meu caro amigo, quem decide isso são as circunstâncias e é o Presidente, em função do que for a situação. A verdade é que houve eleições, há um Governo legitimado, ninguém o deitou abaixo, o Presidente da República não dissolveu a Assembleia.
Agora, fala-se de um governo de salvação nacional, disto e daquilo. Isso é suspender a Democracia. Não há soluções fora dos mecanismos democráticos.
b- Pensa que José Sócrates terá mesmo condições para permanecer nas funções de primeiro-ministro?
M.A. – Como Presidente, sou imparcial e suprapartidário. Tenho a minha filiação partidária, sou socialista, sou republicano.
Mas como Presidente terei uma atuação suprapartidária e não beneficiarei nenhum partido.
b- Como vê a desconfiança dos mercados financeiros internacionais perante o défice português e a possibilidade de o FMI (Fundo Monetário Internacional) entrar em Portugal?
M.A. – É bom que sejamos nós a resolver e a decidir os nossos problemas. E acho que é preciso regular os mercados financeiros porque tivemos uma crise mundial, os Estados endividaram-se para salvar o sistema bancário.
E agora os bancos estão a salvar-se à nossa custa. Essas empresas de «rating» são empresas privadas ao serviço dos especuladores que estão a lançar o garrote financeiro aos países periféricos.
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